Para que possamos entender a fase em que se encontra
o jornalismo online em Cabo Verde é necessário, em primeiro de tudo, compreender
de uma forma geral as quatro fases que a nova forma do jornalismo percorreu,
segundo o autor Cabrera Gonzalez, e as duas fases segundo João Cannavilhas
(jornalismo online e webjornalismo).
Ao falar do jornalismo online, em primeiro de tudo deve-se
falar do surgimento do computador como instrumento de suporte dos trabalhos
jornalísticos. Posteriormente surgiu a ferramenta internet. Estes dois
componentes exigem dos profissionais da área, requisitos técnicos de
conhecimentos que dantes não eram necessários e constituem a base para o
jornalismo online. Cada fase citada pelo Gonzalez existe um Modelo de Jornalismo
aplicado:
As fases do Jornalismo Online
Numa primeira fase, considerado o Modelo do jornalismo
Fac-símile – é a fase em que o jornalismo impresso era colocado na net. Ou
seja, "copy & paste". Ainda na presente data o jornal impresso a Nação é
enviado via correio electrónico em formato pdf, a TCV, a RTC e as outras Rádios praticam esse modelo.
Na segunda fase, considerado o Modelo Adaptado – é a
fase em que se iniciou a redefinição e adaptação da linguagem, exclusivo para o
jornal online. Contudo, pelo facto de na presente data temos os mesmos
profissionais da televisão mas trabalhando também para a rádio ou do jornal
impresso e ao mesmo tempo da rádio, e ainda do jornal impresso mas também do
online, há uma tendência para haver uma linguagem comum entre as diferentes
media. Embora a tecnologia requer a linguagem própria adaptado ao respectivo
meio, em Cabo Verde ainda a audiência não consegue se libertar dessa conjuntura
mediática. Uma questão relevante de entre as limitações dos nossos jornalistas
no "terreno" é o cunho partidário que eles deixam transparecer nas suas
produções jornalísticas, o que muitas vezes põe em causa a credibilidade
noticiosa.
Na terceira fase, considerado o Modelo Digital, é a
fase em que, praticamente, se encontra o jornalismo online cabo-verdiano. Pois,
apesar da conjuntura mediática vivida no país, os jornais online tanto a asemana
como o expressodasilhas, a Nação e liberal adequam ao modelo digital. Nesse
modelo jornalístico cabo-verdiano é possível visualizar textos com tendência
para uma linguagem própria para o meio, pode-se visualizar alguns vídeos, apesar
de alguma lentidão, pode-se também ouvir som e ver imagens, quer fotografias
trabalhadas, quer imagens com alguma animação. Contudo, o uso padrão da
hipertextualidade, ou seja, dar oportunidade ao leitor de criar o seu próprio
layout a partir da página de entrada proposta pela editora, está, por
enquanto, fora do alcance da nossa audiência. Em fim tornar a página de entrada
numa tela de um computador, um mundo à frente do leitor só é possível quando se
entrar na quarta fase do jornalismo, considerado o Modelo Multimédia ou a Web
jornalismo como é o caso do site www.bbc.co.uk/news/.
Assim sendo, o jornalismo online cabo-verdiano encontra-se
entre a segunda e a terceira fase mas com uma série de limitações, embora com a
tendência para uma caminhada, apesar de lenta, mas rumo ao Web jornalismo.
Factores que Dificultam os Avanços do Jornalismo
Online
1 – O sinal do Internet ainda é lenta, o que dificulta a
operação com links e hipertextos para o modelo multimédia. Agrava-se ainda mais
quando se pretende utilizar vídeos e imagens com animação. Se no mundo moderno o
tempo e a velocidade com que se realize uma tarefa são cruciais para a gestão de
audiencia, com a lentidão do sinal da internet em Cabo Verde e coadjuvada pela
limitação técnica dos presentes profissionais, as tarefas jornalísticas ficam
comprometidas.
2 – A lentidão da Internet também indirectamente afecta a
redacção do texto. Assim em vez do texto ser conciso, objectivo e factual com
links para um outro texto mais extenso destinado aos leitores com interesse em
aprofundar o seu conhecimento relativo ao assunto, o redactor prefere estender o
primeiro texto deixando os links para caso extremo.
3 – Em Cabo Verde, o jornal impresso é na generalidade o
complemento do jornal online já que não é possível nesta fase garantir a
sustentabilidade noticiosa autónoma do meio, devido a ferramenta Internet ser
lenta e as limitações técnicas no uso dessa ferramenta por parte dos
profissionais da área. Esse meio tem uma grande vantagem porque permite
actualização das informações instantaneamente e em qualquer ponto do mundo dos
acontecimentos. Por outro lado, os arquivos e as noticias relacionadas podem ser
consultados por links e hipertextos. A grande questão que se levanta é a da
sustentabilidade económica da gestão do meio. Por exemplo, o jornal liberal está
em vias de extinção por motivo financeiro. Como não há muita procura pela
publicidade online, apenas os meios que são financiados pelo estado ou por
alguma instituição conseguem resistir. Os financiadores garantem a continuidade
dos meios, contudo podem comprometer a objectividade jornalística.
Requisitos Necessários Para a
Mudança da Fase Digital para a fase do Web Jornalismo
- Formação e capacitação em produções de trabalhos
jornalísticos exclusivos para cada meio com as suas linguagens próprias, as suas
técnicas e metodologias;
- O domínio da informática e dos equipamentos suporte e
software específicos para as produções jornalísticas;
- Libertação da conjuntura política da sociedade
cabo-verdiana;
- Aumento da criatividade e inovação dos profissionais que
traduzirá no aumento da dinâmica e atractividade capaz de gerar audiência, que
por sua vez traduzirá na maior procura pela publicidade comercial;
- Instalação de outras empresas operadoras da comunicação ou
a remodelação das presentes no fornecimento do serviço da Internet mais
acelerado e a menor custo do mercado.
Sabino Baessa CCO Jornalismo nº2980
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